quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sem clima para um acordo

Economias combalidas e cientistas fraudulentos esfriam encontro global do clima na África do Sul

O ânimo das reuniões internacionais sobre clima e aquecimento global sempre obedeceu a duas premissas. A primeira são as previsões catastróficas sobre como o aumento das temperaturas ameaça a vida no planeta. A segunda é o embate entre países pobres e ricos. A inexistência desses dois itens esfriou a 17ª Conferência das Partes (COP, no linguajar da ONU), que se encerra no próximo dia 9 em Durban, na África do Sul. O evento parecia, desde o início, fadado a resultar sem um acordo entre os países sobre como reduzir as emissões de poluentes que acelerariam as mudanças climáticas.

A ausência de previsões catastróficas se deveu, em parte, à embaraçosa falta de credibilidade científica dos acadêmicos mais radicalmente comprometidos com a tese de que o aquecimento global se deve à atividade industrial. Eles se desmoralizaram no episódio conhecido como “Climagate”, de 2009, quando milhares de e-mails trocados entre cientistas da Universidade East Anglia, na Inglaterra, foram obtidos por hackers e divulgados. As correspondências mostram que, ao redigirem os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, os cientistas manipularam dados com o objetivo de exagerar os indícios do aquecimento global e, vergonhosamente; impediram que colegas com resultados de pesquisas frontalmente contrários ao catastrofismo pudessem se expressar. Ou seja, eles negaram os fundamentos do método científico, levando a questão para o campo da crença e da política.

Entre os envolvidos no escândalo está o climatologista inglês Phil Jones. No mês passado, uma nova leva com mais 5000 mensagens veio a público. Em uma delas, Jones afirma: “Uma maneira de proteger a si mesmo e a todos os que trabalham no relatório é apagar todos os e-mails no fim do processo”. Ou seja, sumam com as provas do crime. Parece mentira que cientistas arrisquem sua reputação instruindo-se uns aos outros sobre como fraudar dados e exagerar conclusões para produzir impacto na opinião pública. Mas é exatamente essa a raiz do escândalo. Os próprios proponentes da tese de que a civilização industrial é a causa principal do apocalipse climático que eles apregoam a desmoralizam pela negação do método científico, abrindo caminho para que qualquer charlatão contra ou a favor se expresse e reclame para suas palavras o mesmo peso das conclusões dos doutores fraudadores de dados. Gente como Phil Jones e outros cientistas desonestos é, em grande parte, responsável pelo fracasso das reuniões multilaterais sobre mudança climática. Os chefes de estado e os diplomatas só podem progredir em suas negociações sobre terreno científico firme. E isso os senhores fraudadores de dados não forneceram.

Fonte: wordpress

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